sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Soneto de fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento,

Quero vivê-lo em cada vão momento rir
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu prato
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim quando mais tarde em procure
Quem sabe a morte, angústia de quam vive,
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.

Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

MORAES, Vinicius de. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1960.p.96

Nenhum comentário:

Postar um comentário